segunda-feira, 28 de maio de 2012

SÉRIE MARTÍRIO - SÃO PAULO


Continuando a série martírio, daremos continuidade com a segunda coluna da Igreja: São Paulo, aquele que é considerado o apóstolo dos gentios, que foi morto decapitado em Roma.

Paulo ao ser preso em Jerusalém e levado para Roma, no qual foi acusado com muito ódio para com os seus concidadãos romanos, afinal ele era cidadão romano. Mas mesmo arrastando pesadas correntes, nunca deixou de proclamar e anunciar o Cristo, ao mesmo tempo que unia suas dores as dores Dele na Cruz. Prisioneiro do Espírito(cf. At 20, 22), Paulo recebera, à noite, esta revelação: "Coragem! Deste testemunho de Mim em Jerusalém, assim importa que o dês em Roma"

Obediente à inspiração recebida, Paulo exclamará no tribunal do governador Festo: "Estou perante o tribunal de César. É lá que devo ser julgado. [...] Apelo para César!" (At 25, 10-11). Querendo desfazer-se de caso tão complicado, que envolvia assuntos da religião judaica, Festo apressou- se em satisfazer o desejo do preso, mandando-o para Roma, algemado e sob a guarda do centurião Júlio.

O primeiro período de pregação em Roma

Durante a viagem, Paulo não perdia a oportunidade de anunciar o Evangelho em todos os lugares por onde passava. Após várias dificuldades ao longo da travessia e enfrentar um naufrágio, fez escala em Siracusa, na Sicília, e dali foi conduzido a Reggio (cf. At 28, 12-13).


Uma vez chegado à capital do Império e instalado em prisão domiciliar, Paulo realizava um anseio que havia tempos acalentava no coração, como ele mesmo o expressara aos cristãos de Roma: "Daí o ardente desejo que eu sinto de vos anunciar o Evangelho também a vós, que habitais em Roma" (Rm 1, 15). Dois anos haveria de durar seu doloroso cativeiro, mas ele, como afirma São João Crisóstomo, "considerava como brinquedo de criança os mil suplícios, os tormentos e a própria morte, desde que pudesse sofrer alguma coisa por Cristo". Aproveitou o tempo para pregar o Reino de Deus (cf. At 28, 31), escrever numerosas cartas às comunidades da Grécia e da Ásia, as chamadas Epístolas do cativeiro.

Novas viagens e retorno à capital do Império

Libertado por um decreto jurídico, Paulo ainda visitaria Creta, Espanha e novamente as conhecidas igrejas da Ásia Menor, pelas quais tanto se dedicara. Afinal voltaria a Roma onde se sentia atraído, talvez por um secreto pressentimento da proximidade da "coroa da justiça" (II Tm 4, 8) que ali o aguardava.

Sobre o trono dos césares, sentava-se então o terrível Nero, cuja crueldade, aliada a um orgulho patológico, já fizera sua fama. Era conhecido o ódio que votava aos cristãos, e Paulo não passou despercebido à perspicácia dos espiões do tirano.

Acusado como chefe da seita, foi preso pela polícia imperial e lançado no Cárcere Mamertino, onde, segundo uma antiga tradição, já se encontrava Pedro. Nesse escuro subterrâneo, de estreitas dimensões e teto baixo, o Pontífice da Igreja de Cristo e o Apóstolo das Gentes estiveram acorrentados a uma mesma coluna. Assim, unidos numa mesma Fé e esperança, estavam ambos amarrados pelas cadeias do amor ao Rochedo, que é Cristo (cf. I Cor 10, 4).

O martírio de São Paulo
Chegou por fim o dia em que Paulo deveria "ser imolado" (II Tm 4, 6). Para ele a morte pouco significava, pois já se achava morto para o pecado e vivo para Deus (cf. Rm 6, 11). Uma entranhada e exclusiva união o ligavam a seu Senhor. Não era ele mesmo que vivia, mas sim Cristo quem nele habitava (cf. Gl 2, 20) e operava.

Condenado à morte, Paulo, por ser cidadão romano, não podia, como Pedro, sofrer a pena ignominiosa da crucifixão, mas sim a da decapitação, e esta devia dar-se fora dos muros da cidade. Conduzido por um grupo de soldados, o Apóstolo arrastou seus pesados grilhões ao longo da Via Ostiense e, depois, pela Via Laurentina, até alcançar um distante vale, conhecido pelo nome de Aquæ Salviæ.

Ali, entre a vegetação daquela região pantanosa, o sublime imitador de Jesus Cristo selava seu testemunho com o próprio sangue. Sua cabeça, ao cair no solo sob o golpe fatal da espada, saltou três vezes, fazendo brotar em cada um dos pontos uma fonte de água borbulhante. Este fato, se não comprovado pela História, baseia- se numa piedosa tradição confirmada pelo nome de Tre Fontane, que ostenta o mosteiro trapista construído naquele local.

"Combati o bom combate"
Paulo morrera, mas sua monumental obra apostólica, fundamentada na caridade que consumira sua vida, continuava viva e produziria ao longo dos tempos abundantes frutos para a Igreja. Até o último alento, sua vida não fora senão uma grande luta. Luta de entusiasmo e de entrega, de desprendimento e de heroísmo; luta para levar o Evangelho a todas as gentes, confiando sempre na benevolência de Cristo.

Os piores vagalhões da vida não puderam atingir o seu tabernáculo interior. Sua firmeza, semelhante à imobilidade de um rochedo batido pelas ondas do mar, mantinha-se inalterável em meio às maiores angústias e agonias, certo de que nem a vida nem a morte o poderiam separar do amor de Cristo (cf. Rm 8, 38-39).

uma vez concluído o combate, percorrida toda a sua carreira e chegado ao termo de sua peregrinação terrena (cf. II Tm 4, 7), o Apóstolo apareceu ante o olhar admirado da humanidade, em toda a sua estatura de gigante da Fé, transmitindo para os séculos futuros esta mensagem: "Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade - as três. Porém, a maior delas é a caridade. A caridade jamais acabará!" (I Cor 13, 13.8).

Estando preso em Roma, o incansável Apóstolo não deixou de pregar, e obteve a conversão de incontáveis almas. Posto em liberdade no início do ano 64, dirigiu-se à Espanha e à Ásia. Retornando a Roma, foi preso novamente, desta vez com São Pedro.

Ficaram eles na prisão mais antiga de Roma, o Cárcere Mamertino, local impregnado de bênçãos, que comove a quantos por lá passam. Com efeito, como não se impressionar ao contemplar, logo nos primeiros degraus da estreita escada que leva ao calabouço, a marca do rosto do Príncipe dos Apóstolos, milagrosamente impressa na parede de pedra? E que emoção ao ver no canto da cela a fonte que brotou do solo, possibilitando aos Apóstolos batizarem os próprios carcereiros, convertidos pelo seu exemplo e pregação!

No final de sua heróica vida, pôde o Apóstolo das Gentes cantar este hino de triunfo do varão que sente a consciência limpa na hora do encontro com o Supremo Juiz: "Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé. Resta-me agora receber a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia, e não somente a mim, mas a todos aqueles que aguardam com amor a sua aparição" .

Grandiosa foi sua vida, tal será também sua morte. Sendo cidadão romano, São Paulo não podia ser crucificado. Foi, assim, decapitado pela espada, no ano 67. Conta-nos a tradição que sua cabeça, rolando ao solo, saltou três vezes e fez brotar três fontes que podem ser vistas ainda hoje na Igreja de San Paolo alle Tre Fontane, na via d'Ostia, em Roma.

Assista a esse vídeo e se encante cada vez mais com a vida deste grande pilar da nossa Igreja.

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