quinta-feira, 14 de junho de 2012

SÉRIE DOGMAS MARIANOS - A IMACULADA CONCEIÇÃO


Dando continuidade a série dos Dogmas a respeito de Maria, hoje ampliaremos o nossa conhecimento sobre o segundo dogma da sequência estabelecida por nós: A IMACULADA CONCEIÇÃO DE MARIA.

O termo Imaculada Conceição significa dizer que Maria foi concebida sem mancha do pecado original. Alguns podem se questionar se isso é possível lembrando daquela passagem de Rm 3, 23: "com efeito, todos pecaram e todos estão privados da glória de Deus". Mas veremos que foi desejo de Deus que acontecesse dessa forma e que se é que podemos assim dizer, Maria foi excessão a regra.

Primeiramente devemos entender que existem dois tipos de pecado: o pecado contraído e o pecado cometido. Como aqui o nosso foco é a defesa da fé (Apologética), não trataremos a fundo desse conteúdo que é de natureza ascética e teológica, será tratado de maneira bem superficial.

O pecado cometido é aquele que cada um de nós está sujeito a cometer, como por exemplo, falar palavrões, levantar falso testemunho, roubar e etc.

O pecado contraído é aquele que recebemos por herança, o chamado pecado original que se transmite de geração em geração, como fala muito bem São Paulo em Rm 5,12-21: "Assim então, por um homem entrou o pecado no mundo... e assim a morte passou a todos os homens... pela obediência de um, muitos serão justiçados...". O pecado original é aquele que São Paulo trata em suas cartas como a carne e que os santos padres tratam como concupiscência, ou seja as más inclinações que nos levam a cometer pecados.
 
Maria foi privada do pecado original, ou seja, Ela não tinha inclinações para cometer pecados e portanto, em momento algum cometeu pecados. Agora, vejamos se isso realmente é verdade baseado nas três bases da nossa doutrina: As Sagradas Escrituras, A Sagrada Tradição e o Sagrado Magistério

NAS SAGRADAS ESCRITURAS

Em Gn 3, 15, temos a relação existente, de maneira profética entre a Mulher - Maria e a serpente - Satanás: "Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu ferirás o calcanhar.". Deus estabelece aqui um ódio entre Satanás, que o Pai de todo pecado, e a Mulher, que é Maria.

Em Lc 1, 28 o anjo a saúda dizendo: 28.Entrando onde ela estava, disse-lhe: "Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!". O termo "cheia de graça" se refere ao termo grego “Kecharitoméne”, que significa graça plena, indicando que Maria é aquela que é a cheia da graça do Senhor, ou seja, a sem pecado e totalmente santa.

NO SAGRADO MAGISTÉRIO

O Dogma da Imaculada Conceição estabelece que Maria foi concebida sem mancha de pecado original. O dogma foi proclamado pelo Papa Pio IX, no dia 8 de dezembro de 1854, na Bula Ineffabilis Deus.

"Declaramos, pronunciamos e definimos que a doutrina que sustenta que a Santíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua concepção, foi por singular graça e privilégio de Deus onipotente em previsão dos méritos de Cristo Jesus, Salvador do gênero humano, preservada imune de toda mancha de culpa original, foi revelada por Deus, portanto, deve ser firme e constantemente crida por todos os fiéis."

NA SAGRADA TRADIÇÃO
Um grande devoto mariano, São João Damasceno, que diga-se de passagem, teve a sua mão arrancada por escrever defendendo as imagens e a veneração dos santos, teve sua mão recolocada no lugar de maneira milagrosa, da noite pro dia, por interceção de Nossa Senhora, chegando a surgir o ícone de nossa Senhora das três mãos, chega a afirmar que: “Os olhos não viram, o ouvido não ouviu, nem o coração do homem compreendeu as belezas, as grandezas e excelências de Maria, o milagre dos milagres da graça”, mostrando mais uma vez que Ela é a cheia da Graça de Deus, a sem mácula.

O primeiro Bispo de Jerusalém, São Tiago Menor, também faz referência a Maria como a Imaculada: "Fazemos memória de nossa Santíssima, Imaculada, e gloriosíssima Senhora Maria, Mãe de Deus e sempre Virgem".

Um dos primeiros Apóstolos, Santo André, também se refere a Maria como a Imaculada: "Tendo sido o primeiro homem formado de uma terra imaculada, era necessário que o homem perfeito nascesse de uma Virgem igualmente imaculada, para que o Filho de Deus, que antes formara o homem, reparasse a vida eterna que os homens tinham perdido".

Portanto, é perceptível que Maria é aquela que devemos nos espelhar para também chegarmos a Santidade mais perfeita possível, por isso, peçamos a sua poderosa Interceção:

Ó Virgem, pela tua bênção é abençoada a criação inteira!
 
O céu e as estrelas, a terra e os rios, o dia e a noite, e tudo quanto obedece ou serve aos homens, congratulam-se, ó Senhora, porque a beleza perdida foi por ti de certo modo ressuscitada e dotada de uma graça nova e inefável. Todas as coisas pareciam mortas, ao perderem sua dignidade original que é de estar em poder e a serviço dos que louvam a Deus. Para isto é que foram criadas. Estavam oprimidas e desfiguradas pelo mau uso que delas faziam os idólatras, para os quais não haviam sido criadas. Agora, porém, como que ressuscitadas, alegram-se, pois são governadas pelo poder e embelezadas pelo uso dos que louvam a Deus.

Perante esta nova e inestimável graça, todas as coisas exultam de alegria ao sentirem que Deus, seu Criador, não apenas as governa invisivelmente lá do alto, mas também está visivelmente nelas, santificando-as com o uso que delas faz. Tão grandes bens procedem do bendito fruto do sagrado seio da Virgem Maria.

Pela plenitude da tua graça, aqueles que estavam na mansão dos mortos alegram-se, agora libertos; e os que estavam acima do céu rejubilam-se renovados. Com efeito, pelo Filho glorioso de tua gloriosa virgindade todos os justos que morreram antes da sua morte vivificante, exultam pelo fim de seu cativeiro, e os anjos se congratulam pela restauração de sua cidade quase em ruínas.

Ó mulher cheia e mais que cheia de graça, o transbordamento de tua plenitude faz renascer toda criatura! Ó Virgem bendita e mais que bendita, pela tua bênção é abençoada toda a natureza, não só as coisas criadas pelo Criador, mas também o Criador pela criatura!

Deus deu a Maria o seu próprio Filho, único gerado de seu coração, igual a si, a quem amava como a si mesmo. No seio de Maria, formou seu Filho, não outro qualquer, mas o mesmo, para que, por natureza, fosse realmente um só e o mesmo Filho de Deus e de Maria! Toda a criação é obra de Deus, e Deus nasceu de Maria. Deus criou todas as coisas, e Maria deu à luz Deus! Deus que tudo fez, formou-se a si próprio no seio de Maria. E deste modo refez tudo o que tinha feito. Ele que pode fazer tudo do nada, não quis refazer sem Maria o que fora profanado.

Por conseguinte, Deus é o Pai das coisas criadas, e Maria a mãe das coisas recriadas. Deus é o Pai da criação universal, e Maria a mãe da redenção universal. Pois Deus gerou aquele por quem tudo foi feito, e Maria deu à luz aquele por quem tudo foi salvo. Deus gerou aquele sem o qual nada absolutamente existe, e Maria deu à luz aquele sem o qual nada absolutamente é bom.

Verdadeiramente o Senhor é contigo, pois quis que toda a natureza reconheça que deve a ti, juntamente com ele, tão grande benefício.

(Das Meditações de Santo Anselmo, bispo – Séc. XII – Liturgia das Horas).

2 comentários:

  1. pq Maria diz no Magnificat "Meu espírito exulta em Deus meu salvador" Ela reconheceu que era pecador e necessitava de salvação?????????

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    1. Boa noite meu caro.
      Salve Maria

      Na realidade, essa passagem se remete ao cântico de Ana, em I Sm 2, 1 - 10, onde a própria Maria canta esse cântico que fora cantado por Ana. meu caro, temos então aqui um processo de exegese bíblica chamado de Midrash, onde o NT remete-se a algo do AT, no caso, quem tinha pecado era Ana, e não Maria, pois o próprio autor sagrado menciona que o anjo a reconhece como a cheia da graça. Além do mais, vejamos o seguinte exemplo, dado pelo grande Alessandro Lima do site Veritatis Splendor: "Um bombeiro que tira alguém soterrado em um buraco ou que impede que alguém caia e seja soterrado em um buraco, por acaso não foi o salvador de ambas as vidas?", o que quer dizer que Jesus continua sendo Salvador de Maria, por impedir que ela caísse em pecado, por não ter pecado original. Portanto, essa sua argumentação não tem cabimento nem validade teológica.

      Portanto que A Virgem e Imaculada Maria te proteja e te conduza à Salvação.
      Lucas Apologeta

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