Continuando a série martírio, daremos continuidade com a segunda coluna da Igreja: São Paulo, aquele que é considerado o apóstolo dos gentios, que foi morto decapitado em Roma.
Paulo ao ser preso em Jerusalém e levado para Roma, no qual foi acusado com muito ódio para com os seus concidadãos romanos, afinal ele era cidadão romano. Mas mesmo arrastando pesadas correntes, nunca deixou de proclamar e anunciar o Cristo, ao mesmo tempo que unia suas dores as dores Dele na Cruz. Prisioneiro do Espírito(cf. At 20, 22), Paulo recebera, à noite, esta revelação: "Coragem! Deste testemunho de Mim em Jerusalém, assim importa que o dês em Roma"
Obediente à inspiração recebida, Paulo exclamará no tribunal do governador Festo: "Estou perante o tribunal de César. É lá que devo ser julgado. [...] Apelo para César!" (At 25, 10-11). Querendo desfazer-se de caso tão complicado, que envolvia assuntos da religião judaica, Festo apressou- se em satisfazer o desejo do preso, mandando-o para Roma, algemado e sob a guarda do centurião Júlio.
O primeiro período de pregação em Roma
Durante a viagem, Paulo não perdia a oportunidade de anunciar
o Evangelho em todos os lugares por onde passava. Após várias dificuldades ao
longo da travessia e enfrentar um naufrágio, fez escala em Siracusa, na
Sicília, e dali foi conduzido a Reggio (cf. At 28, 12-13).
Uma vez chegado à capital do Império e instalado em prisão
domiciliar, Paulo realizava um anseio que havia tempos acalentava no coração,
como ele mesmo o expressara aos cristãos de Roma: "Daí o ardente desejo
que eu sinto de vos anunciar o Evangelho também a vós, que habitais em
Roma" (Rm 1, 15). Dois anos haveria de durar seu doloroso cativeiro, mas
ele, como afirma São João Crisóstomo, "considerava como brinquedo de
criança os mil suplícios, os tormentos e a própria morte, desde que pudesse
sofrer alguma coisa por Cristo". Aproveitou o tempo para pregar o Reino de
Deus (cf. At 28, 31), escrever numerosas cartas às comunidades da Grécia e da
Ásia, as chamadas Epístolas do cativeiro.
Novas viagens e retorno à capital do Império
Libertado por um decreto jurídico, Paulo ainda visitaria
Creta, Espanha e novamente as conhecidas igrejas da Ásia Menor, pelas quais
tanto se dedicara. Afinal voltaria a Roma onde se sentia atraído, talvez
por um secreto pressentimento da proximidade da "coroa da justiça"
(II Tm 4, 8) que ali o aguardava.
Sobre o trono dos césares, sentava-se então o terrível Nero,
cuja crueldade, aliada a um orgulho patológico, já fizera sua fama. Era
conhecido o ódio que votava aos cristãos, e Paulo não passou despercebido à
perspicácia dos espiões do tirano.
Acusado como chefe da seita, foi preso pela polícia imperial
e lançado no Cárcere Mamertino, onde, segundo uma antiga tradição, já se
encontrava Pedro. Nesse escuro subterrâneo, de estreitas dimensões e teto
baixo, o Pontífice da Igreja de Cristo e o Apóstolo das Gentes estiveram
acorrentados a uma mesma coluna. Assim, unidos numa mesma Fé e esperança,
estavam ambos amarrados pelas cadeias do amor ao Rochedo, que é Cristo (cf. I
Cor 10, 4).
O martírio de São Paulo
Chegou por fim o dia em que Paulo deveria "ser
imolado" (II Tm 4, 6). Para ele a morte pouco significava, pois já se
achava morto para o pecado e vivo para Deus (cf. Rm 6, 11). Uma entranhada e
exclusiva união o ligavam a seu Senhor. Não era ele mesmo que vivia, mas sim
Cristo quem nele habitava (cf. Gl 2, 20) e operava.
Condenado à morte, Paulo, por ser cidadão romano, não podia,
como Pedro, sofrer a pena ignominiosa da crucifixão, mas sim a da decapitação,
e esta devia dar-se fora dos muros da cidade. Conduzido por um grupo de
soldados, o Apóstolo arrastou seus pesados grilhões ao longo da Via Ostiense e,
depois, pela Via Laurentina, até alcançar um distante vale, conhecido pelo nome
de Aquæ Salviæ.
Ali, entre a vegetação daquela região pantanosa, o sublime
imitador de Jesus Cristo selava seu testemunho com o próprio sangue. Sua
cabeça, ao cair no solo sob o golpe fatal da espada, saltou três vezes, fazendo
brotar em cada um dos pontos uma fonte de água borbulhante. Este fato, se não
comprovado pela História, baseia- se numa piedosa tradição confirmada pelo nome
de Tre Fontane, que ostenta o mosteiro trapista construído naquele local.
"Combati o bom combate"
Paulo morrera, mas sua monumental obra apostólica,
fundamentada na caridade que consumira sua vida, continuava viva e produziria
ao longo dos tempos abundantes frutos para a Igreja. Até o último alento, sua
vida não fora senão uma grande luta. Luta de entusiasmo e de entrega, de
desprendimento e de heroísmo; luta para levar o Evangelho a todas as gentes,
confiando sempre na benevolência de Cristo.
Os piores vagalhões da vida não puderam atingir o seu
tabernáculo interior. Sua firmeza, semelhante à imobilidade de um rochedo
batido pelas ondas do mar, mantinha-se inalterável em meio às maiores angústias
e agonias, certo de que nem a vida nem a morte o poderiam separar do amor de
Cristo (cf. Rm 8, 38-39).
E uma
vez concluído o combate, percorrida toda a sua carreira e chegado ao termo de
sua peregrinação terrena (cf. II Tm 4, 7), o Apóstolo apareceu ante o olhar
admirado da humanidade, em toda a sua estatura de gigante da Fé, transmitindo
para os séculos futuros esta mensagem: "Por ora subsistem a fé, a
esperança e a caridade - as três. Porém, a maior delas é a caridade. A caridade
jamais acabará!" (I Cor 13, 13.8).
Estando preso em Roma, o incansável Apóstolo não deixou de
pregar, e obteve a conversão de incontáveis almas. Posto em liberdade no início
do ano 64, dirigiu-se à Espanha e à Ásia. Retornando a Roma, foi preso
novamente, desta vez com São Pedro.
Ficaram eles na prisão mais antiga de Roma, o Cárcere
Mamertino, local impregnado de bênçãos, que comove a quantos por lá passam. Com
efeito, como não se impressionar ao contemplar, logo nos primeiros degraus da
estreita escada que leva ao calabouço, a marca do rosto do Príncipe dos
Apóstolos, milagrosamente impressa na parede de pedra? E que emoção ao ver no
canto da cela a fonte que brotou do solo, possibilitando aos Apóstolos
batizarem os próprios carcereiros, convertidos pelo seu exemplo e pregação!
No final de sua heróica vida, pôde o Apóstolo das Gentes
cantar este hino de triunfo do varão que sente a consciência limpa na hora do
encontro com o Supremo Juiz: "Combati o bom combate, terminei a minha
carreira, guardei a fé. Resta-me agora receber a coroa da justiça, que o
Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia, e não somente a mim, mas a todos
aqueles que aguardam com amor a sua aparição" .
Grandiosa foi sua vida, tal será também sua morte. Sendo
cidadão romano, São Paulo não podia ser crucificado. Foi, assim, decapitado
pela espada, no ano 67. Conta-nos a tradição que sua cabeça, rolando ao solo,
saltou três vezes e fez brotar três fontes que podem ser vistas ainda hoje na
Igreja de San Paolo alle Tre Fontane, na via d'Ostia, em Roma.
Assista a esse vídeo e se encante cada vez mais com a vida deste grande pilar da nossa Igreja.
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